terça-feira, 17 de março de 2009

Á moda de Lispector


Ontem eu vivi uma felicidade clandestina, aliás, um momento de clandestina felicidade... devo tudo a insistente permanência do carnaval de Recife e a José Telles. Sexta passada, no Marco Zero, na comemoração do aniversario da menina dos olhos do mar, Elba atacou com muito frevo, eu de início praguejei, mas não resiste a tentação “que começa na cabeça e depois toma o corpo e acaba no pé’.. e foi justamente no pé que eu me ferrei. Do nada, virei o meu pé, que dor *&¨%$#@!!! Mas, por não ter mais plano de saúde, resolvi ficar nas compressas e não me submeter as emergências lotadas, porém na segunda de manhã com o pé quase em elefantíase, fui obrigada a ir ao hospital... antes de sair de casa, começou a ser gestado o meu momento Clariciano, lá estava em cima da mesa, o livro que comprei para presentear meu cunhado, que aniversariou em fevereiro, o livro de José Telles, desde que comprei estou a flertar com o singelo título “Eu e meu ray-ban, uma viagem”
Viagem, essa palavra vem morando na minha boca e na de Lella, VIAGEM, QUE VIAGEM! “Botar os pés na terra firme e seguir viagem”, mas foi justamente sem fincar os pés no chão que eu viajei. Como quem furta guardei o livro na bolsa e segui para o hospital com meu velho pai no volante... cheguei ás 10 e pouca, e a população recifense e olindense já estava lá com a língua em punho, alvejando os funcionários, gente que tinha amanhecido na policlínica, o único local que estava atendendo trauma na cidade, e detalhe, fica na Campina do Barreto, na divisa de Recife e Olinda, com essa crise da saúde no estado, que se arrasta por várias gestões, todo mundo acaba se lascando. Bem, as primeiras duas horas e meia de espera, foram deliciosas, com muito cuidado, com uma criança trelosa, eu abri o livro bem pouquinho e saboreei cada página, eu era como o ray-ban de Zé Telles, uma expectadora, em cada lugar, imaginando cada paisagem, uma viagem! Fincar os pés na terra firme e seguir... viagem!!! Depois claro, o resto das 4 horas e meia de espera por uma injeção na bunda, foram as mais chatas possíveis, talvez fosse o caso de José Telles escrever um livro mais grosso!

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