quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Minha natureza é elástica
Sou flexível
Eu dilato
Eu me expando
E de mim saem explosões
E assim acreditei caber em qualquer lugar
Mas não de qualquer jeito
Não de qualquer forma
Da minha forma
Fora da fôrma
Do quadrado, da caixinha
E ando por aí forçando portas
Pulando janelas
Tecendo as possibilidades
Se não me cabe
Construo novo alicerce
Ou uma nave
Sou toda trabalhada na vontade
Entorto mas não quebro!


01/09/2016

domingo, 28 de agosto de 2016

Por que Deus não vem logo
e cessa essa via-crúcis?
Por que não nos livra do destino cruel de ser cordeiro?
Cansamos de ser sacrificadas
em nome da moral e dos bons costumes
Cadê a proteção de Maria para a menina estuprada
aos 10 anos de idade?
E o crime/pecado de Eva não prescreve nunca?
Ora venha logo, que o inferno é aqui mesmo
as fogueiras continuam a queimar!

Tatiane
02/06/2016



segunda-feira, 30 de maio de 2016

Entre a cultura do estupro, a patologização e a moralização do sexismo


Ao ver os comentários nas redes sociais sobre o estupro sofrido por uma jovem de 16 anos, vítima de 30 homens e ainda sendo exposta na internet por um vídeo que comprova o crime, chego a uma conclusão apressada, mas não irracional: nós temos limitações em reconhecer a violência como uma construção social, e estas limitações se alargam quando a violência tem uma base sexista.
Um ponto interessante das redes sociais é que todo mundo tem a oportunidade de opinar, mesmo que as opiniões reflitam preconceitos e discriminações, como também sirvam para ocultar o real problema por trás das aparências.  Percebi que os argumentos tem se apresentado em 04 direções: A primeira é a forma sexista escancarada, preconceituosa que culpabiliza a vítima por viver sua sexualidade. A segunda, sexista mascarada, enverada pelo argumento moralista apelando para um problema moral, que coloca a culpa no homem mau, não cristianizado. A terceira coloca o agressor como um doente, um psicopata. E a última a posição das feministas, boa parte delas colocam na conta do patriarcado, ou seja, apostam na estruturação do sexismo como o grande vilão.
A primeira direção das opiniões, a com base no machismo, explicita mesmo como a violência tem sua base material e simbólica, junto aos 30 homens que violentaram o corpo e a subjetividade de uma jovem, estão mais  de 30 mil  pessoas que praticam um estupro simbólico. A segunda linha de pensamento que reivindica que aqueles 30 homens eram apenas maus e que este mau-caratismo nada tem a ver com uma cultura patriarcal que naturaliza o estupro, me faz refletir, e por que não vemos casos corriqueiros de 30 mulheres estuprando, com cabo de vassoura, um homem adultero????? E por que que quando se trata de “maldades” que envolvem a questão sexual, as mulheres são uma minoria que mal conseguimos dizer que são recorrentes? Será que o espectro do mal só assombra os homens? Ao que parece o maniqueísmo não é mesmo arcabouço feminista como insistem os detratores do feminismo.
Quanto a visão patológica, assim como aquela que liga violência ao uso de drogas, penso que seria muita coincidência 30 psicopatas juntos na mesma hora e no mesmo local.  Me parece mesmo que a tese das feministas é no mínimo e ao largo a mais plausível, nossas subjetividades são construídas objetivamente, nós compomos a sociedade e suas regras morais, assim como os mecanismos de regulação. Sim construímos, mas de que maneiras? Por meio das relações de poder, e de certa forma, reproduzimos dadas as condições históricas, e desconstruímos também dadas as condições históricas. É urgente o tempo de desconstruir a cultura da violência sexista. E nesse enfrentamento é inegável a vanguarda feminista com a sua luta pela vida das mulheres!