tag:blogger.com,1999:blog-36171977744430939942024-03-13T18:20:02.522-03:00vermelhoelilasLugarzinho para compartilhar reflexões sobre o real. E para plasmar o ideal.vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.comBlogger28125tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-11378347502814417942017-11-05T21:26:00.001-03:002017-11-05T21:26:32.313-03:00<div class="MsoNormal">
Soluços do mundo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
02/11/2017<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O mundo está mais perto <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Graças a tela do computador<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A dor do mundo está em tela<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nos documentos oficiais, nos tratados,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E convenções mundiais<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tudo é civilizado e moderno<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A era é dos direitos...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Inconcretos<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A intolerância está mais perto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Na pedra no caminho<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Na fé<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Na religião<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No sujeito imperfeito a sua imagem e semelhança<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A fogueira está mais perto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O calor da censura no cangote<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O bafo quente da moral e maus costumes<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Na classificação indicativa dos desclassificados<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A fome e a falta estão mais perto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pulsando na boca do estômago<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Assaltaram nossas vidas<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não haverá linchamento público<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O mundo está soluçando<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
No colo do universo<o:p></o:p></div>
vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-55946339078778161922016-09-01T08:44:00.001-03:002016-09-01T08:44:43.881-03:00<div class="MsoNormal">
Minha natureza é elástica<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou flexível<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu dilato<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eu me expando <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E de mim saem explosões<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E assim acreditei caber em qualquer lugar<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas não de qualquer jeito<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não de qualquer forma<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Da minha forma<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Fora da fôrma<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Do quadrado, da caixinha<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E ando por aí forçando portas<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Pulando janelas<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Tecendo as possibilidades<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Se não me cabe<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Construo novo alicerce<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ou uma nave<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Sou toda trabalhada na vontade<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Entorto mas não quebro!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
01/09/2016<o:p></o:p></div>
vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-42767913903636795942016-08-28T20:10:00.000-03:002016-08-28T20:10:00.883-03:00Por que Deus não vem logo<br />
e cessa essa via-crúcis?<br />
Por que não nos livra do destino cruel de ser cordeiro?<br />
Cansamos de ser sacrificadas<br />
em nome da moral e dos bons costumes<br />
Cadê a proteção de Maria para a menina estuprada<br />
aos 10 anos de idade?<br />
E o crime/pecado de Eva não prescreve nunca?<br />
Ora venha logo, que o inferno é aqui mesmo<br />
as fogueiras continuam a queimar!<br />
<br />
Tatiane<br />
02/06/2016<br />
<br />
<br />
<br />vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-72515084220380673362016-05-30T21:18:00.002-03:002016-05-30T23:12:22.785-03:00Entre a cultura do estupro, a patologização e a moralização do sexismo<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ao ver os comentários nas redes sociais sobre o estupro sofrido por uma
jovem de 16 anos, vítima de 30 homens e ainda sendo exposta na internet por um
vídeo que comprova o crime, chego a uma conclusão apressada, mas não
irracional: nós temos limitações em reconhecer a violência como uma construção
social, e estas limitações se alargam quando a violência tem uma base sexista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Um ponto interessante das redes sociais é que todo mundo tem a
oportunidade de opinar, mesmo que as opiniões reflitam preconceitos e
discriminações, como também sirvam para ocultar o real problema por trás das
aparências. Percebi que os argumentos
tem se apresentado em 04 direções: A primeira é a forma sexista escancarada,
preconceituosa que culpabiliza a vítima por viver sua sexualidade. A segunda,
sexista mascarada, enverada pelo argumento moralista apelando para um problema
moral, que coloca a culpa no homem mau, não cristianizado. A terceira coloca o
agressor como um doente, um psicopata. E a última a posição das feministas, boa
parte delas colocam na conta do patriarcado, ou seja, apostam na estruturação
do sexismo como o grande vilão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A primeira direção das opiniões, a com base no machismo, explicita mesmo como
a violência tem sua base material e simbólica, junto aos 30 homens que
violentaram o corpo e a subjetividade de uma jovem, estão mais de 30 mil pessoas que praticam um estupro simbólico. A
segunda linha de pensamento que reivindica que aqueles 30 homens eram apenas
maus e que este mau-caratismo nada tem a ver com uma cultura patriarcal que
naturaliza o estupro, me faz refletir, e por que não vemos casos corriqueiros
de 30 mulheres estuprando, com cabo de vassoura, um homem adultero????? E
por que que quando se trata de “maldades” que envolvem a questão sexual, as
mulheres são uma minoria que mal conseguimos dizer que são recorrentes? Será
que o espectro do mal só assombra os homens? Ao que parece o maniqueísmo não é mesmo
arcabouço feminista como insistem os detratores do feminismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Quanto a visão patológica, assim como aquela que liga violência ao uso de
drogas, penso que seria muita coincidência 30 psicopatas juntos na mesma hora e
no mesmo local. Me parece mesmo que a
tese das feministas é no mínimo e ao largo a mais plausível, nossas
subjetividades são construídas objetivamente, nós compomos a sociedade e suas
regras morais, assim como os mecanismos de regulação. Sim construímos, mas de
que maneiras? Por meio das relações de poder, e de certa forma, reproduzimos
dadas as condições históricas, e desconstruímos também dadas as condições
históricas. É urgente o tempo de desconstruir a cultura da violência sexista. E nesse enfrentamento é inegável a vanguarda feminista com a sua luta pela vida das mulheres!</span></div>
vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-87925498974443413742014-06-24T20:54:00.000-03:002014-06-24T21:00:37.809-03:00<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Perdendo dentes<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Ela é
miudinha, loirinha, pele queimada de sol, cabelos maltratados, assustados como
ela mesma. Os olhinhos espertos e a boca cheinha de dentes podres, por isso ela
não sorri. Seu nome é estrangeiro, mas ela é brasileira.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ela
é de verdade, embora não tenha registro de nascimento, pois sua mãe também não
tem. Eu a conheci e desde então as coisas que acontecem com ela me angustiam
muito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vítima
da negligência de Estado, essa garotinha não frequentava a escola e já tinha 6
anos de idade, mora em um lugar péssimo... como tantas outras crianças, são
tantas violações de direitos que entristece quem conhece o drama dela. Imagina
o que ela deve sentir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Outro
dia ela foi socorrida pelo pessoal da escolinha, que havia acolhido a menininha
mesmo sem ter a documentação. Os sintomas eram febre e dor de dente, o dentista
do posto deu o diagnóstico: infecção, todos os dentes estavam podres. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
É tão normal uma menininha de 6 anos perder os
dentinhos de leite. Exibir orgulhosa as janelinhas e guardar o dente para a
fadinha do dente levá-lo e deixar um
real no lugar. Não tem espaço para o
conto de fadas na realidade dura que é a vida desta criança.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
24 de Junho de
2014<o:p></o:p></div>
vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-27622673157674502152012-12-03T00:07:00.001-03:002012-12-03T00:07:04.241-03:00Da série: Por onde andei!<br />
<br />
Já postei em 2009 um texto sobre São Paulo, tenho alguns sobre outras cidades, mas, quero recomeçar com o meu Recife!<br />
<br />
Hábitos e manias<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Tenho o hábito de repetir tudo o que eu gosto, tenho o hábito de criar hábitos. Quando eu e minha irmã eramos crianças, meu pai nos levava ao centro da cidade e na volta para casa pegavamos o ônibus fazendo o retorno, de preferência o antigo Dois Irmãos Caxangá que passava pelo prédio da prefeitura do Recife, só para irmos sentados cada um na sua janela admirando as pontes, o marco zero, e as ruas do Recife antigo. Sem falar da famosa paradinha no chá mate, tomar um mate gostoso e comer os salgados saborosos e baratos por trás do prédio dos correios. Até hoje quando vou para aquelas bandas, eu só volto para casa pegando o retorno dos ônibus.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Adoro andar pelas ruas de comércio do centro da cidade, minha mãe me levava onde se compra cada coisa, enxoval de bebê, roupa de cama, linha, elástico. Volta e meia estou por lá, entre os mascates, no meios das cores e das bugingangas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E Vovó, nos arredores do mercado de São José comprando frutas e temperos, passeando por dentro do mercado, amocegando artesanatos e achando tudo caro. Toda quinta, para mim, é dia de ir até o mercado comprar flores pra santa Sara, vela amarela para oxum, ervas para tomar banho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para mim, viver o Recife é andar, andar e andar no meio da gente, das coisas, dos carros, pra cima e pra baixo, no meio da desordem, aquelas bandas do centro é meio India, meio Marrocos, e tá cheinha de chinês e vez por outra tem uns colombianos ou bolivanos tocando na praça de São Félix.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-17577464525054029302012-12-02T22:56:00.001-03:002012-12-02T22:56:40.588-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Passei um tempo sem escrever, e foi o melhor, tagarelar e vomitar infelicidades não tem utilidade. Compartilhar reflexões, notícias, coisas belas é o meu objetivo, portanto, estou voltando...</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgJt0_IEQCd7cRt9YUmo2vw2ZV3kGBDSOlA-mEc_tmO6xVkbaDx6xr85nPzrECI19SjgiZj3bkL-MFRur3AJkgCL_pCRboAjswGw21quaz4-vfNEgyrmxMUI1DggWlQncV_SZpFrodKQA/s1600/374490_209268332542552_1735011481_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgJt0_IEQCd7cRt9YUmo2vw2ZV3kGBDSOlA-mEc_tmO6xVkbaDx6xr85nPzrECI19SjgiZj3bkL-MFRur3AJkgCL_pCRboAjswGw21quaz4-vfNEgyrmxMUI1DggWlQncV_SZpFrodKQA/s320/374490_209268332542552_1735011481_n.jpg" tea="true" width="320" /></a></div>
vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-11149447131363219222012-10-05T03:03:00.000-03:002012-10-05T03:07:41.061-03:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Meus 20 e muitos anos!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Beirando aos trinta, eu olho pra mim e fico feliz por ter a possibilidade de me descobrir e me entusiasmo por saber que esta descoberta será constante e cada vez mais lúcida. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não li Balzac ainda, mas estou escrevendo e tecendo uma mulher de 30. É enigmático, ser criança, moça, velha dentro de uma mesma mulher e em um tempo e espaço definido. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu sou quem corre, faz travessura, birra, chama atenção, machuca, não tenho medida nem limite, eu sou a recalcada que se julga, se talha, se espreme, se encaixa, e no fim eu sempre sobro, eu me espalho, junto os cacos e me recomponho. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu me dou o colo como uma velha robusta, eu me acalanto, eu me energizo, eu me refaço. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu subo no salto, no palco, projeto minha voz, imponho minha presença, esfrego minha opnião, protesto, amo, tenho medo, tenho vergonha, sou sem vergonha, safada, abusada, ousada, choro, peço, esperneio, não aceito, agradeço, perdoo, guardo rancor, tenho muita raiva e inimigos, tenho amigos e sou toda ouvidos. Morro de saudades e de paixão, gosto de beijo na boca e mãos dadas, cavo elogios e fico sem graça, toda engraçada faço piada, gargalho da minha cara e me acho bonita quando passo no espelho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu vou fazer 30 anos e minha criança interior vem me fazer cócegas e me pôr em saia justa. Eu deixo minhas pernas a mostra e me incomodo quando dizem que eu quero aparecer. Eu cresci e apareci e não tem mais como Alice encolher!</span></div>
<br />vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-90239607019196948792012-10-05T02:44:00.001-03:002012-10-05T02:44:10.865-03:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">"Deixa, deixa eu dizer o que sinto desta vida, preciso demais desabafar..."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não me lembro exatamente o dia, o fato, que me fez me perceber enquanto um ser político. Lembro-me de alguns momentos quando no catecismo eu me angustiava por não conseguir acreditar que Eva era feita da costela de Adão. Quando comecei a desconfiar de mitos e mentiras, quando comecei a questionar porque primos podiam brincar o sábado todo e eu e minha irmã só após ajudar minha mãe nos serviços domésticos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Desde a juventude, me juntei e misturei com os rebeldes, aprendi muito, mas sei pouco, e o pouco que sei é o suficiente pra incomodar. É uma pontinha da lucidez perigosa. E é por isso que hoje, não estou tranquila diante das opções para governar o Recife.</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por 04 vezes me emocionei no Marco 13, quando mesmo antes de completar 18 anos dei meu primeiro voto a João Paulo e posteriormente a sua reeleição, já com João da Costa não tive o mesmo entusiasmo, João era a identidade forjada de João. Já com Lula, a emoção era transbordante, era um ex operário, nordestino, pardo, pobre (pelo menos foi pobre) que chegava ao poder, depois, uma mulher desafiando a cultura machista. Eu me encantei pelo mito, pela identidade, pela possibilidade extraordinária de iniciar uma nova cultura, não tinha grandes ilusões com a transformação, mas era seduzida por algo como um etapismo. Vamos disputar por dentro, pensava eu entusiasmada.</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Se hoje tenho algumas certezas, uma delas é que a identidade diluiu a classe: ele é do povo, ele é a cara do povo, mas sua opção de classe diluiu-se, reificou-se. E ela, é mulher, mas não é feminista, não confundamos, seu sexo não é sua opção de classe. A mulher guerrilheira, o proletário grevista, onde foram parar? O PT que defendia os trabalhadores cadê? Concilia-se com a burguesia, e corta o ponto dos trabalhadores. Eu sei, eu sei, o PT é múltiplo, mas o PT que governa, que preside, agride meu ser político, é uma violência!</span></div>
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span>vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-59654510490410250612012-10-05T02:40:00.001-03:002012-10-05T02:40:39.976-03:00<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Me debatendo muito decido o meu voto!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não tinha nenhuma expectativa com relação ao debate dos prefeituráveis. Qual o Projeto de cidade que defendem? De que perspectiva? Com qual classe estão comprometidos? Oxi, classe? Deixa para o PSTU que é contra burguês. Ressalva ao Roberto Numeriano, que cumpriu seu papel de denúncia, de marcar posição, de protesto, de expressar que não estamos vivendo um grande consenso, apenas a tentativa ideológica de que acreditemos no consenso, “na paz que eu não quero seguir’. </span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pensei muito, daria de bom grado meu voto ao Jair Pedro ou ao Numeriano. Mas, creio, que mesmo sendo um voto de protesto, muito válido (não sou do tipo que pensa que votar em candidato pouco votado é jogar voto fora), seria uma escolha pouco estratégica.</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando olho para o cenário, não enxergo os candidatos, enxergo o partido, a identidade não é a da juventude no poder, ou dos trabalhadores no poder, é a do partido da vez. Os cotados já estiveram lá, todos: o novo e o não tão novo, o azul e o encarnado, e o verde azulado, e o encarnado amarelado. </span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Eu já decidi vou pelo menos mal, é triste falar assim esse desespero é moda... em 2012, parafraseando Belchior, mas, meu voto será uma negativa a política arbitrária e ditatorial silenciosa do PSB, que abafa e proíbe greve dos professores, que deixam servidores sem reajustes. Que implementam privatizações em pele de cordeiro. E o Daniel Coelho, não tem nem truques da cartola, seu partido já implementou tudo isso só que de forma escancarada. E o PT? Quase igual ao PSB de Geraldo Julio, a mais nova celebridade instantânea do mundo da política, político miojo, famoso quem? Clone do governador: Recife- mini Pernambuco!</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pois bem, por um quase, eu me decidi. O PT corta ponto, implementa a contrarreforma do Estado, paga dívida externa, mas é o partido que topou o debate dos movimentos sociais, abraçou a causa da violência contra a mulher, é inegável sua rede de referência ao atendimento às mulheres vítimas de violência no Recife, é o partido que deu espaço por dentro do governo as demandas do povo negro, da comunidade LGBTTT. É o partido que trata o craque como questão de saúde pública com o consultório de rua. Foi o partido que freou as mortes de inverno, um grande drama da cidade do Recife, mortes por desmoronamento de barreiras. Eu tenho muitas críticas sim, um auxílio moradia de R$ 150,00, servidores mal tratados, entre tantas coisas. Mas, é inegável, alguma coisa mudou e no meio da barbárie, só o fato de diminuírem mortes conta muito. Temos ainda a política velha do pão e circo, artistas sem receber, mas com toda a desgraça, temos um carnaval emocionante, multicultural, descentralizado e de graça. Adeus recifolia, adeus cordão de isolamento. </span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não me considero mais petista, a elite do PT é autoritária, seus políticos expressivos são personalistas. Mas é o partido de massas, uma massa consciente que se entristece com a corrupção, que cobra, e que essa massa sim é da classe trabalhadora.</span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Meu voto: uma nova chance ao PT!</span></div>
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<br /></div>
vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-85915443369466953522012-06-08T14:21:00.000-03:002012-06-08T14:27:22.261-03:00<div style="text-align: justify;">
Volto hoje a publicar aqui, irônicamente venho reaviver este espaço com um texto que fala de morte, de partida, despedida. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu acho a morte uma estupidez. Anunciada ou não é uma inconviniente. E quando inventa de tomar a vida de um jovem ela é cruel. É nessas horas que estou com Toquinho e Vinicius: "Aí pergunto a Deus: escute, amigo se foi pra desfazer, por que é que fez?"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se eu fosse Deus os amantes não morreriam, o amor seria uma antídoto. Hoje um jovem morreu, após poucas semanas de descobrir que estava doente. Ele não se preocupou se sentiria dor e nem temeu a morte, temeu apenas que seu cabelo caísse com a quimioterapia e assim perdesse a namorada. </div>
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<br /></div>
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Um dia você é vaidoso, você ama, sente saudade e medo de perder. No outro dia você se perde causando saudade. Para onde foi? Para onde se foi?</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Essa jovem, menina mulher, de mim é tão próxima que sua dor me invade. Me arranca as lágrimas e a revolta. Depois, respiro fundo e penso que a vida na verdade assim como a morte é uma tremenda insensatez para nós que nada sabemos e tudo supomos. Há um mistério no ar, chamem metafísica eu não sei o que chamar. Acredito em vida após a morte, mas eu queria mesmo é que a morte não existisse.</div>
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<br /></div>
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Sexta, 08/06/2012</div>vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-37085769036595097182011-02-15T21:52:00.000-03:002011-02-15T21:52:47.068-03:00Falando de amor!Maria Betânia cantando “Sem você, sem amor é tudo sofrimento, pois você é o amor que eu sempre procurei em vão, você é o que resiste ao desespero e a solidão...” enquanto corrijo meu texto problematizando as relações de gênero. Confesso, as lágrimas caem por amor. Amo todos os três homens que andam passeando por minhas artérias. Eles estão pulsando.<br />
<br />
<br />
O primeiro foi aquele que dei a mão para dançar um forró, mal sabia o seu nome, o beijei, pronto, não sei mais nada. Só que foi bom e que de vez em quando na solidão da noite, uma lembrança de uma outra noite me conforta.<br />
<br />
O segundo, um “amor” do passado, daquelas histórias que você se arrepende de não ter “dado” tudo o que poderia “dar”. Nos reencontramos, e promessas de resgate foram feitas. <br />
<br />
O terceiro, um pecadinho difícil de acontecer, mas não impossível. Meu corpo esperou demais, o desejo transbordando por meus poros. E, de repente, não mais que de repente, sei que senti tudo por apenas uns minutos.<br />
<br />
“Amar a nossa falta mesma de amor”, Drummond sussurra em meu ouvido. De certo, projetamos nos outros o que supostamente falta em nós, e outra canção martelando: “preciso aprender a ser só, preciso aprender a só ser”. <br />
<br />
Racionalizar o amor, o desejo, nos faz cair na vala comum das repressões, interditos, sofrimentos, penitências e autoflagelo. E nessas horas só poemas e canções me consolam: “deixando a profundidade de lado eu quero é ficar colado a pele dele noite e dia”.vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-5896438229942921822010-10-27T21:31:00.004-03:002010-10-27T21:34:04.654-03:00Reação em cadeiaPara Thiago Sobral e Sarah Junger<br />
<br />
<br />
olhos fechados, abertos apenas para o ópio<br />
linda forma de morrer vivo na teia, <br />
na trama de impossibilidade<br />
amarrados?<br />
Apenas os sentidos!vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-52086210879546005762010-10-10T20:50:00.002-03:002010-10-10T20:51:29.574-03:00Novamente sem títuloFora de mim minha metade!<br />
<br />
Carrega contigo essa saudade<br />
<br />
Fora de mim, vai veleja, navega, me erra<br />
<br />
Meta-se fora, evapora, eva e pó,<br />
<br />
Põe pra longe, desenrrola<br />
<br />
Caia fora!<br />
<br />
<br />
10/10/10vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-8253299144739295792010-10-09T20:30:00.000-03:002010-10-09T20:30:05.110-03:00Suave DeslizeA chuva desliza suave no morro<br />
<br />
<br />
Desliza a chuva no morro suave<br />
<br />
Suave desliza o morro na chuva<br />
<br />
Morro suave na chuva que desliza<br />
<br />
<br />
Giordano Bruno Gonzagavermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-51796902111936703872010-08-01T11:46:00.000-03:002010-08-01T11:46:07.283-03:00Eu tenho corações fora do peito!<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8OiTFzHw0U31lYHlyizEKAhOHzr1PWoP-055sYMWgZ8zacg8jZs7NhIgdyEANZYwIfHYPTcr4dE_Tx80QSc9xpdStRagnSovEyvsftU1Z-auY8wokdZD6mBqe_CYO-ZUWbB7yz-iycoU/s1600/ATcAAADwhvV-uRfPxFpp8Q84LRso8-xiDJVZUSOHVTJwEsM19qxvfSjfZXs_2Z7yUuH5lY3cSJRv3NFhBLk3qdXEsvxTAJtU9VDFqNZElv-pvPinvkTKc_vyH1wxlw.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" bx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8OiTFzHw0U31lYHlyizEKAhOHzr1PWoP-055sYMWgZ8zacg8jZs7NhIgdyEANZYwIfHYPTcr4dE_Tx80QSc9xpdStRagnSovEyvsftU1Z-auY8wokdZD6mBqe_CYO-ZUWbB7yz-iycoU/s320/ATcAAADwhvV-uRfPxFpp8Q84LRso8-xiDJVZUSOHVTJwEsM19qxvfSjfZXs_2Z7yUuH5lY3cSJRv3NFhBLk3qdXEsvxTAJtU9VDFqNZElv-pvPinvkTKc_vyH1wxlw.jpg" /></a>O cotidiano nos massacra, é incrível como não temos tempo para nada. Perdi as contas de velhos amigos que vão ficando pelas fotos, e cartões de natal, outros tantos que a custo mantenho fazendo o cruzamento das agendas. São adultos, jovens adulterados, que trabalham, trabalham, estudam, estudam, e quando podem fazer um lazer nos encontramos em meio à multidão. </div><br />
Eu também vivo nesta corda bamba, e me revolta termos que dar 06 ou 08 horas diárias do nosso tempo para o trabalho. O trabalho é humano, mas isto é desumano! O que sobra do meu dia, para fazer um exercício físico para minha saúde? O que sobra do meu tempo para me alimentar decentemente? O que sobra do meu tempo para ter as ideais 08 horas de sono? O que sobra do meu tempo para estudar? O que sobra do meu tempo para ler um bom livro que não seja o indicado pelo professor, ou ouvir uma boa música? Contabilizando o patrão nosso de cada dia nos leva bem mais de 08 horas diárias e não nos paga por essa mais valia extra, se é que posso ser redundante: são as 08 horas de trabalho e toda a preparação que antecedem e seguem: “eu acordo pra trabalhar, eu corro pra trabalhar, eu durmo pra trabalhar” diz a música dos Paralamas do Sucesso. <br />
<br />
E assim, às vezes me dou conta de que cada tempo livre eu aproveito para dormir e fico angustiada com os livros empoeirando na estante, e com cada minuto que perco para o cansaço e o desânimo. Tem fases que eu fico tão deprimida que perco as horas, que o mal humor me ataca, esse trabalho repetitivo, sem a menor possibilidade de utilizar a criatividade, ser subutilizada me mata.<br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div>Até que um dia de domingo após a correria que está sendo este inverno, o sol reapareceu, e com ele o céu mais azul dos últimos tempos, como algo cinematográfico. Eu ouvia no mpb4, Los sebosos postizos cantando Domingaz: “Eu vou rezar para este domingo não chover, pois eu quero passear no parque de mãos dadas novamente com você” aquele clima domingaz me invadiu, e eu me senti tão feliz. De repente aquela vontade de morrer, ou de nunca ter existido que de vez em quando me abate deu lugar a uma consciência tremenda do lado muito bom da vida e das pessoas, lembrei de algumas viagens que fiz, lugares maravilhosos, como por exemplo o Vale do Catimbáu, se eu não existisse não veria aquilo, e me lembrei também que fui ao Rio de Janeiro e tive vontade de morar lá assim como aconteceu em Diamantina, ou quando simplesmente eu desejei que o tempo não passasse em Pedra do Xaréu. Eu não quero morrer antes de conhecer pelo menos um milésimo deste mundão. <br />
<br />
Também fiquei viajando na quantidade de coisas que nós humanos construímos: cinema, que coisa maravilhosa, filmes como Cinema Paradiso, que eu sinto um nó na garganta só de lembrar, e as músicas, que coisa fantástica é criar arranjos, extrair de vários instrumentos um som, algo que me faz transcender; e os poemas, as prosas e as letras que como diz o mestre Milton Nascimento “que perguntar carece como não fui eu que fiz?”. <br />
<br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Por tudo isto, e toda essa alegria que hora me arrebatou, é que fiquei pensando nas vezes que amei, não foram muitas, mas foram intensas: gostar tanto de alguém que só de olhar pra essa pessoa seus olhos se derretem, a sensação deliciosa de desejar e de ser desejada, o toque, a recíproca. Quase que eu me esquecia disso tudo, pois o fim de um último grande amor trás o gosto de finitude, como se nada depois disso fertilizasse.</div><br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">De uns tempos para cá, realmente eu vinha dando mais valor a ficar só, ia só ao cinema, ficava finais de semana sozinha sem nem procurar amigos, coincidiu com minha irmã indo morar com o marido e eu com o quarto só pra mim, sentindo prazer em arrumar as coisas ao meu modo, quase que eu me esqueci que ficar junto também é bom.</div><br />
E foi assim, percebendo que além das coisas feias da vida que me revolta, me angustia, me deprime, existem tantas outras coisas boas de verdade, que me faz pensar igual aos novos baianos “besta é tu, besta é tu, porque não viver? Não viver este mundo, porque não viver? Se não há outro mundo... E pra ter outro mundo é preci-necessário viver. Viver contanto em qualquer coisa, olha lá, olha o sol...”<br />
<br />
<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Decidi tirar o mofo e colocar o coração pra pegar um sol, o sol! Como as pessoas podem ser interessantes, engraçadas e inteligentes, como é bom voltar a sentir o frio na barriga, as dúvidas: ligo ou não ligo, será que ele liga? Como é bom ter esta ansiedade gostosa e saber que no mundo há mais gente legal do que se pensa, e que as pessoas estão aí à procura umas das outras.</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Lembrei também dos amigos, estas pessoas que nos admiram, estimam mesmo sabendo dos nossos piores defeitos, se é que existem defeitos melhores. Penso o que seriam dos meus inimigos se não fossem os amigos deles. Por isso eu tenho corações fora do peito, como canta Gal Costa, e “eu tenho um beijo preso na garganta, eu tenho um jeito de quem não se espanta... eu quero, eu posso, eu quis, eu fiz... e vou vivendo assim felicidade nesta cidade que plantei pra mim e que não tem mais fim, não tem mais fim, não tem mais fim”</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">E quase que eu me esqueci: seja bem-vindo em mim!</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Do varal do quintal de casa, 01 de agosto de 2010.</div><br />
Trilha sonora:<br />
Capitão de indústria – Paralamas do Sucesso (cd nove luas de 1996)<br />
Domingaz - Los Sebosos Postiços (Registro ao vivo do show noites do Ben)<br />
Certas canções - Milton Nascimento <br />
Besta é tu - Novos baianos (cd Acabou Chorare de 1972)<br />
Mamãe coragem – Gal Costa (letra de Caetano Veloso e Torquato Neto – cd: Tropicália)vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-84740912447692782522010-06-30T22:59:00.000-03:002010-06-30T22:59:39.579-03:00Chuva na berlinda<div style="text-align: justify;">Seria a chuva malfazeja, intratável, meliante, recalcitrante? Seria ela a grande culpada por tantas mortes, tantas lágrimas e lástimas? Todo inverno é assim, ela aparece para absolver os pecadores, apedrejada e crucificada vai levando a culpa pela tragédia urbana que vivenciamos. É muito cômodo afirmar que a chuva tem vontade própria. Seres humanos também têm. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não foi a chuva que empurrou contingentes populacionais pobres para os morros ou para as margens dos rios nos processos de urbanização, tanto das metrópoles como das pequenas cidades. Não, não foi ela. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não foi a chuva que alterou o ecossistema, não foi ela que poluiu os rios, pelo contrário, ela foi poluída: chuva ácida. E sua acidez se tornou moral, estigmatizada, nas palavras de Goffmam um estigmatizado é alguém poluído moralmente.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Alguns de nós, pseudo-conscientes, argumentamos que a população pobre joga lixo nas encostas e barreiras. Com aquela nossa carinha de desaprovação afirmamos que isso é cultural, é preciso promover uma “conscientização”. Quando na verdade, esquecemo-nos que a elite, bem-cheirosa e educada, cuidou de higienizar a cidade, jogando para o morro o que ela considerava mais sujo: os trabalhadores, aqueles que suavam, e limpavam a sujeira da elite. Estes sim, foram jogados embaixo dos tapetes. A urbanização cuidou de fichar prostitutas, ora nas delegacias de costumes, ora sendo tratadas como caso de saúde pública. Moral e higiene andando lado a lado.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Será que a chuva é culpada, pela mulher clandestina, que não tem o CPF porque é caro, e por isso não registrou os filhos, o que impede de se inscrever no bolsa família, que faz faxina, mas não tem carteira assinada, que não passou da quarta série, pois veio do interior para trabalhar na casa de família e não para estudar, que mora na beira do precipício, no barraco que chama de próprio (pois comprou por dois mil reais, é próprio)? Se clandestina é a sua própria vida, também será a energia e a água do fio e do cano improvisados. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enquanto apontamos para os aterros de lixos nas encostas, esquecemos dos nossos próprios hábitos de jogar lixo nas ruas. Creio que advenha dessa ideologia burguesa de que na rua fica tudo o que “não presta”, mendigos, meninos de rua, mulheres da vida, vagabundos, ladrões... Irrita-me, mas não me surpreende, pessoas jogando lixo na rua de dentro de carros e coletivos, jogando no chão ao lado da lata de lixo. São as mesmas pessoas que ficam ilhadas com os alagamentos. Mas a culpada é a chuva. Falta de saneamento, drenagem, pavimentação, nada disso conta nessas horas, apenas a maldita chuva. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como algo que acalentava meus sonhos, que meu pai chamava de seresteiro, foi se tornando tão cruel, o monstro que sai de baixo da cama e invade a casa? Fico com a frase de Brecht que fala de violência, e como falar de urbanização sem falar de violência? O que chamam fatalidade eu denuncio violência!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem” Brecht</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Arca de Noé, 30 de Junho de 2010</div>vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-37761405743273832382010-06-13T16:32:00.000-03:002010-06-13T16:32:12.067-03:00Sobre uma ética feminina<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como pode querer que a mulher vá viver sem mentir? Diz a canção. Concordo em gênero, número e grau. Cotidianamente me deparo com algumas situações que rodeiam o mesmo tema, a mentira, não qualquer mentira mais mentiras que apenas as mulheres contam. </span></div><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Esta semana, uma amiga me contava que sentia remorso por esconder da mãe que passaria um final de semana com o namorado, a outra lamentava de nunca ter podido dividir com a mãe aspectos sobre a sua vida sexual, e uma outra amiga que comentava que sua mãe sabia de tudo, mas, seu pai não. Pois bem, quatro mentirosas. Você pode me perguntar “Mas, não eram três amigas, porque 04 mentirosas?” Você pode até achar que eu seria a quarta mentirosa, apesar de também ser mentirosa, não é de mim que estou falando, não diretamente, acredite ou não. A quarta mentirosa é a mãe da nossa amiga, ou no popular a alcoviteira. </span></div><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mentir embora seja uma opção, é quase uma imposição. Friso bem o quase, pois a atmosfera em que nós mulheres estamos submersas quase nos aniquila as possibilidades. Optar por dizer a verdade é um risco, a dúvida é o preço da pureza, não é o que diz uma outra canção? E, é inútil ter certeza. Arriscar-se a perder a confiança de quem deposita em nós todas as expectativas de moralidade, de quem sabe melhor que nós que esta moralidade é uma imagem de fotografia na sala da casa. </span></div><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Voltando as mentirosas, passemos os olhos na quarta mentirosa: a alcoviteira. Ela mente para o marido escondendo as safadezas da filha. Ela que já foi filha. Ela que já sabe bem o que é mentir. Fingir que não gosta de sexo, e depois fingir que sente prazer, paradoxal não? Ouvir e aconselhar: ela também pode optar a mentir para a filha “somos mais controladas que os homens, é da natureza deles ser assim, e é da nossa natureza ser assado, você pode e deve se manter pura e casta até o casamento”, mas, e isto ainda existe? Existe. Ela pode ainda optar por dizer a verdade, numa cumplicidade a duas “tome os devidos cuidados, você não pode engravidar, se não todo mundo vai saber”. Se a igreja conseguisse proibir os contraceptivos como consegue que o Estado proíba o aborto, teríamos, com certeza um novo tráfico, o tráfico de camisinhas. </span></div><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Também me lembrei de outra mentirosa, ela fez um aborto, tomou um remédio e teve uma hemorragia violenta, no hospital, a enfermeira desconfiou do que se tratava, a menina mentiu. Mas, não teve jeito uma mentirosa reconhece a outra, a diferença é que as vezes nos deparamos com alcoviteiras e em outras com figuras penosas moralizadoras carrascas de si e de todas. A enfermeira num ímpeto de violência negligenciou a nossa amiga mentirosa, que pra ela agora era mais que isso era uma criminosa. E a enfermeira quem era? Juíza e algoz, julgou, condenou e ela mesma aplicou o castigo.</span></div><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Marilena Chauí fala em determinada obra da violência que nós mulheres vivenciamos desde que nos entendemos por gente, essa violência por vezes silenciosa e surda: opressão, essa violência que até nós mesmas mulheres compactuamos, ela nos é tão íntima, que tomamos para nós. Julgamos nossas irmãs, suas roupas, seu corpo, seu ir e vir, sua liberdade. Participamos da animalização do nosso gênero nos comparando com as mulheres galinhas, as vacas, as piranhas. </span></div><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Algumas mulheres mentem tanto que chegam a acreditar na própria mentira, sob o fetiche da moralidade se acham diferentes umas das outras. Assumem o debate medíocre de identidade, não sou freira, nem sou puta, nem mãe-esposa... Ora sou mulher, mas que isso sou humana, mas enquanto for tratada como mulher, reivindicarei como mulher. Enquanto nos impuserem modelos de comportamento moralizante, mentiremos, enquanto utilizarem a “verdade” como dom de iludir, iludiremos. Querem santas? Terão, nós santinhas do pau oco! </span></div><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: justify;"><br />
</div></span><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Jardim do éden, 13 de junho de 2010</span></div>vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-6037452537370939122010-05-13T20:13:00.000-03:002010-05-13T20:13:02.007-03:00Ser ou não ser... Mulher?!“Oh, Mana tenho novidades pra você, eu sou alguém. <br />
Tomara que você também ache que é alguém” <br />
A cor púrpura. <br />
<br />
<br />
Dia da mulher é todo dia, ou pelo menos deveria ser, por isso gostaria de sugerir umas reflexões sobre esta data sem correr o risco de cair no anacronismo. <br />
<br />
No dia 08, presenciei em vários momentos, mulheres sendo questionadas sobre o porque do dia das mulheres, e as respostas as mais diversas: “temos um dia só nosso porque somos maravilhosas, perfeitas...” e outras lembravam o fato histórico das operárias assassinadas nos EUA. <br />
<br />
Mulheres são e não são maravilhosas. Somos muitas, diversas, somos ao mesmo tempo: Alice e a Rainha de Copas, Amélia e Pagu, Maria e Madalena. E definitivamente não somos perfeitas. Assim como os homens somos seres humanos complexos. <br />
<br />
Penso eu, que a ocorrência de um dia das mulheres seja uma tentativa de alcançar uma visibilidade, e em partes é também a expressão dessa visibilidade. Em partes porque as conquistas dos movimentos feministas e de mulheres esbarram em valores muito arraigados, cristalizados tanto pelo poder ideológico das religiões, como da ciência, pois durante muito tempo uma ciência higienista tratou de estudar a mulher como um ser pernicioso, um caso de saúde pública. <br />
<br />
Os avanços que temos se devem a luta das mulheres, mas localizam-se em uma dada conjuntura, e encontram seus limites, como por exemplo, é muito interessante para o mercado incorporar a mão de obra feminina no período de guerras quando os homens estão nos campos de batalhas. Ou quando é muito libertário admitir a sexualidade das mulheres em revistas que vendem as dez maneiras de enlouquecer seu homem na cama. <br />
<br />
Nada contra enlouquecer seu homem na cama, mas existe uma ideologia embutida nesta expressão. É a eterna função de servir ao homem. Porque não 10 maneiras de enlouquecer junto com seu homem ou sua mulher na cama? Antropólogas e antropólogos, historiadoras e historiadores deram conta de explicar que esta função social de servir tem origem, é cultural e histórica. Portanto se é histórica e teve uma origem, também pode ter um fim, a história quem fazemos somos nós. E se é cultura não é algo natural, não depende das diferenças biológicas, depende das diferenças que construímos em tornos dos sexos. Ofereço-lhes o enigma de Engels na Origem da família, da propriedade privada e do Estado “A derrota histórica do sexo feminino” Quando isso se deu? Não quero dar conta desta questão neste texto, mas é uma boa reflexão para quem ainda não buscou algo sobre o tema. <br />
<br />
Então ser ou não ser mulher? Ser alguém é também ser mulher! Ser mulher é também ser alguém! Se ainda há necessidade de termos um dia é para que façamos um balanço das conquistas e das estratégias. É para lembrar a humanidade que um dia nós não tínhamos se quer alma para a igreja, ou éramos qualquer espécie sub-humana para a ciência. Um dia para que vislumbremos os novos dias, quando novas páginas serão escritas por mulheres e homens livres e iguais. E ainda, um dia para que muitas mulheres belas adormecidas acordem do sono do consentimento. A tomada de consciência é um processo, a cada dia enxergo um pouco mais e ainda estou tão distante da totalidade, distante do que de fato está por trás da grande engrenagem que nos faz homens e mulheres infelizes. De fato, ter consciência não nos tira da infelicidade, apenas nos coloca cara a cara com ela. Saber não muda o mundo, mas impulsiona ás mudanças. E assim fico aqui com um trecho de um pensamento de Clarice Lispector: <br />
<br />
Estou sentindo uma clareza tão grande <br />
que me anula como pessoa atual e comum: <br />
é uma lucidez vazia, como explicar? <br />
[...]<br />
<br />
E nem entendo aquilo que entendo: <br />
pois estou infinitamente maior que eu mesma, <br />
e não me alcanço. <br />
Além do que: <br />
que faço dessa lucidez? <br />
Sei também que esta minha lucidez <br />
pode-se tornar o inferno humano<br />
- já me aconteceu antes. <br />
Pois sei que <br />
- em termos de nossa diária <br />
e permanente acomodação <br />
resignada à irrealidade<br />
- essa clareza de realidade <br />
é um risco. <br />
[...]<br />
<br />
A lucidez perigosavermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-64282210791725375172010-04-09T12:25:00.000-03:002010-04-09T13:06:56.950-03:00Eu prefiro a Paulicéia Desvairada<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtDcimLnjq1vJYNVKfqfJz2J8ou7B6o4Wje7j3t90gqPCZ7ULTV8pTnnx-hQYHi93mt7A99VCbHPIxt2YVFfieX3Z_weVpokNSjXYY-_HoIUgpzXTC00-81GDPhWtytVcNws_bp0rh9JM/s1600/DSC06427.JPG"><img style="MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 240px; FLOAT: right; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5458169820864961234" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtDcimLnjq1vJYNVKfqfJz2J8ou7B6o4Wje7j3t90gqPCZ7ULTV8pTnnx-hQYHi93mt7A99VCbHPIxt2YVFfieX3Z_weVpokNSjXYY-_HoIUgpzXTC00-81GDPhWtytVcNws_bp0rh9JM/s320/DSC06427.JPG" /></a><br /><div>Ao invés de encontrar um santo SÃO PAULO, deparo-me com uma singela pecadora de codinome Paulicéia Desvairada. É daquelas mulheres que não serve para casar, apenas para viver uma aventura. Ninguém aguentaria suas crises de TPM, do tamanho do seu território. TPM que engarrafa o trânsito, milhões de passadas inquietas pelo centro, apressadas, apressadas e os sanduíches de MORTANDELA que se engole sem mastigar, porque a Paulicéia tirana tem pressa.<br />Ninguém aguentaria a menina desvairada que de repente se ver na menopausa com uma confusão de temperaturas, efeito cebola, efeito estufa, ai que calor! E daqui a pouco, ai que frio! Poxa Paulicéia me deixa visitar o mirante, daqui a pouco eu vou embora "tenha paciência, que aqui mando eu!"<br />Mas, Paulicéia é um amor: após as 19h a paulista fica linda, linda e iluminada, moderna e ao mesmo tempo clássica, apenas a Alameda Santos compete com tanto charme. Paulicéia e seus segredos, pequenos bosques espalhados pela cidade, e o lindo parque Ibirapuera, refúgio. Desvairada e sua arte, antropofágica, museus: do futebol, Afro, da língua portuguesa, pinacoteca, teatros. Baladas na Vila Madalena, baladas cubanas. Tem a arte, é Rita Lee e é Pagu.<br />GENEROSA, acolhe o mundo em seu seio maternal, é parece que a tpm passou... COSMOPOLITA, basta um passeio no Bom retiro, são judeus e armênios, ou na liberdade... São sotaques, cores que fazem da Paulicéia um mosaico. Mas, é também CONTRADITÓRIA, construída com o suor de nordestinos, lhes castiga, lhes relega a toda a sorte de outro santo SÃO MIGUEL. Meu sotaque por aqui não é novidade, meu T e meu D falado entre os dentes não impressiona, mas também não diferencia, é baiano ou paraíba... é pernambucano, é brasileiro, oxente!<br />Esta Mulher Paulicéia me encanta, altiva e pequeno burguesa, operária e imigrante. Moderna e clássica. Complexa, dialética, bela! E, é pra casar sim, mas não é monogâmica e nem heterosexual. Ela casa e descasa, ela acolhe e castiga, ela dá pra qualquer um. Ela é de direita conflitando com as manifestações de esquerda em frente ao MASP, ela reprime, ela oferece, ela nega, ela vende, ela veda, ela, ela toda ela. Inteira e fragmentada.<br />Amanhã eu me descaso dela, como boas amigas, volto outro dia para visitar. Perdôo a chuva, são caprichos e uma mulher entende a outra. Agradeço a acolhida, o gosto de sol resistindo a neblina, as belezas as feiúras, a carne viva escancarando as feridas para que eu não me iluda. Agradeço a sinceridade, que reafirma qual o lado que devo sambar, é do teu lado mais agressivo, que não é só teu, é do Brasil e é do mundo. Adeus desvairada, até a próxima temporada!<br /><br />Guarulhos, 09 de Abril de 2010.<br />Tatiane Melo</div>vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-48422189128257418412009-04-01T00:08:00.001-03:002009-04-01T00:09:11.768-03:00DesbotamentoÉ hora de partir!<br />Já fechei as janelas e as portas<br />Devolvi as chaves<br />Levo uma mala cheia de cacarecos velhos,<br />as cartas que nunca recebi<br />e os cartões postais por onde tu passavas<br />Sem perceber guardei na gaveta os incensos já sem cheiro<br />As fotografias do quadro de ímã eu vou deixar<br />Deixo também as últimas lamentações neste poema<br />Agora eu vou de verdade!<br /><br />As cores da parede desbotaram desde o dia em que você se foi<br />E eu achando que você tinha apenas ido ao cômodo ao lado<br />e que voltaria para o café da manhã<br />As canções eu vou levar, elas caem muito bem como trilha sonora do futuro amor<br />Só sinto pena pelo jardim que muchou inteirinho era o seu tempo de água e afofar a terra...<br />Me dei ao último trabalho de sedimentar o lixo orgânico no quintal<br />Agora não nos cabe mais nada<br />Deixemos que a chuva e o sol realizem o milagre final<br />Eu já fui!vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-29487850024137592872009-03-29T23:20:00.001-03:002009-03-29T23:23:07.294-03:00Na rua dos bobos nº 0<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfP83lP2mQkFOe2qmofQvUJBiOMgm30Nvx56Pk5HK91vML2xM-Vu5nLKVdPSra8-60mRiIRcOf57NDsNWQj7CVucVsXEQ4Ri9noCbsJVR3x2yf08Ctu-YgRx5B1oOe5Mc3jE-BrhWw5Xo/s1600-h/391001966_77113c699f_o.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5318800368046452210" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 215px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfP83lP2mQkFOe2qmofQvUJBiOMgm30Nvx56Pk5HK91vML2xM-Vu5nLKVdPSra8-60mRiIRcOf57NDsNWQj7CVucVsXEQ4Ri9noCbsJVR3x2yf08Ctu-YgRx5B1oOe5Mc3jE-BrhWw5Xo/s320/391001966_77113c699f_o.jpg" border="0" /></a> <br />Era um num sei quê de barba por fazer e aqueles perfumes masculinos que ficam morando no nariz da gente, e era também algo de olhinhos apertados quando sorri, olhos flamejantes dentro da fumaça. “Vermelho são seus olhos quase que me queimam”. E eu fiquei só olhando. Depois peguei o ônibus de volta, fazendo o retorno, peguei em frente á UNICAP, adoro fazer retorno, só pra passar pelas pontes, e passear pelo Recife velho. Sentei na janela, adoro a janela, o vento no cabelo fuá, e lá fui eu... pensando nos olhos. Passeando e sentindo a brisa, e o cheirinho fedorento da minha menina dos olhos do mar, é um perfume fétido, cheiro salgado de mangue e mijo.<br />Eu viajei na quantidade de gente dormindo na rua, muita gente, isso me lembrou um caso lá no Ibura: enquanto eu abordava uma moradora tinha um homem olhando insistentemente pra nós, então observei que ele estava dentro de um quadrado, que na verdade era um alicerce de algo q já foi uma casa. Ali ele estava a cozinhar em um fogão a lenha improvisado. Então, perguntei a moradora se ele era parente dela, se morava na casa, ai ela me respondeu: “ele é vizinho, ele mora aí”, então questionei o que ele fazia pra se proteger em época de chuva, ela disse que ele ficava em pé em baixo do guarda-chuva até a chuva passar. Pensei no que é uma casa, seria qualquer lugar que te abrigasse da chuva e do sol? Para aquele homem, a casa não tinha teto, não tinha nada, e nem protegia do sol ou da chuva... a casa era um alicerce. Agora vou eu dizer que aquilo não é casa, até os moradores o consideram como vizinho, é o vizinho da rua dos bobos nº 0. Continuei o passeio, vendo os vários vizinhos da onipresente rua dos bobos e o insistente número 0 em cada cantinho do Recife velho e do Recife novo. Em pouco tempo já havia esquecido os olhinhos apertadinhos, fiquei foi vendo as pessoas nas paradas do ônibus, expressão de cansaço, provavelmente a galera que trabalha no comércio, no telemarketing, trabalhadoras e trabalhadores, e o cheiro que invadiu o ônibus era cheiro de suor, de trabalho, o cheiro do trabalho meu bom burguês, o cheiro do trabalho!</div><br /><br /><br />*Foto de Marina Sobral<br /><div></div>vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-24334181912421280342009-03-25T22:32:00.000-03:002009-03-25T22:33:37.055-03:00<div align="justify">Na falta de imagem lhes ofereço palavras: quase findo mais um dia de monitoramento nos morros do Ibura, uma das equipes ainda permaneciam na casa de uma moradora, sentei-me na escadaria, bem no meio pra ser bem exata, sentei-me em cima do meu colete e me protegi com a sombrinha de Regina, quando por alguns momentos pude apreciar a beleza daquela vista... merecia um clik! Eu já vi muita coisa bonita no morro, tem umas florzinhas amarelinhas, que incrivelmente brotam nas barreiras, em umas barreiras bem perigosas... a beleza no risco! E a vista, ah aquela vista! Pensei que o morro poderia ser um lugar com mais estrutura, pois eu soube que a maior parte da cidade do Recife é composta por morros, e que em outros países, as pessoas mais abastadas moram nos morros. O morro é incrível de tão arborizado, o ar é mais limpo, só não é mais limpo ainda, por causa das canaletas a céu aberto, o lixo e a falta de saneamento. Eu moraria no morro, se houvesse boas condições, as vezes eu tenho a sensação que é uma outra cidade dentro da cidade, é um pedacinho de interior, as pessoas criam galinhas, uma outra colega que o diga ela é galofóbica, em quanto todos perguntam se tem cachorro nas casas, ela já pergunta se tem galo. Fui a uma casa hoje que tem pé de fruta-pão, pitomba, um coqueiro e tantas outras árvores, e uma sombra gostosa... deu vontade de ficar, fora que ás 11 horas da manhã, um cheiro de feijão invade a todos. Não se trata de mascarar a realidade nua e crua que coexiste com a vida bela nos morros, se trata de um momento de contemplação em meio ao calor infernal! Eu que taurinamente desejo uma casa no campo, me deparo com os riscos que estas pessoas se submetem, escorpiões, a própria erosão do solo agravada pela ação humana, as chuvas! Acho engraçado falarem de desordenamento urbano, quando a população pobre foi sendo empurrada para os morros, e tratadas a margem do asfalto, assim como as comunidades ribeirinhas, as que estão em área de alagados... emfim, tire seu indicador do meu caminho que eu quero passar com a minha voz!<br /> </div>vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-55790243034671006492009-03-18T19:46:00.000-03:002009-03-18T19:48:31.580-03:00Devolva minha inspiração<br />Devolva minhas lembranças<br />Meus resquícios e provas<br />Devolva... Me devolva vá, devolva!<br />Porque eu já fiz de tudo<br />Alinhavei o começo, teci o meio,<br />dei acabamento ao fim<br />Porque eu te vesti e fui passear<br />E não caiu bem, não me caiu bem!vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3617197774443093994.post-50939949084226345902009-03-17T22:07:00.000-03:002009-03-17T22:16:18.032-03:00O tirador de fotos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRbyli1UYnq64QOcdh-oaYHTWvhjdOd3vnxPOrSELT5ciYE8bW8sRrot4DPtO5pUjC0Luz7GkLiPFAjQbFjD7MifDsa3p_TAuY32Cdtpt3N0hN-V7BIzZ4xTFoFiq1Hs8ZgBVmva0SU3w/s1600-h/IMAG1028.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5314328253484794114" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 240px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRbyli1UYnq64QOcdh-oaYHTWvhjdOd3vnxPOrSELT5ciYE8bW8sRrot4DPtO5pUjC0Luz7GkLiPFAjQbFjD7MifDsa3p_TAuY32Cdtpt3N0hN-V7BIzZ4xTFoFiq1Hs8ZgBVmva0SU3w/s320/IMAG1028.JPG" border="0" /></a><br /><br />"O operário faz a coisa, a coisa faz o operário", parafraseando o poetinha camarada, "O viajado faz a coisa, a coisa faz o viajado" hauhauhau!!<br /><br />Eu diria que ele é como o vinho: suave, doce e leve...<br /><br />leve, como leve pluma<br />muito leve, leve pousa<br />na simples e suave coisa<br />suave coisa nenhuma<br />...<br />que em mim amadurece<br />by Secos e Molhados<br /><br />"Segura a coisa com muito cuidado que eu chego já!!!"<br /><br /><div></div>vermelhoelilashttp://www.blogger.com/profile/02482660783792918545noreply@blogger.com0